THE WASHINGTON POST
A NASA OLHA PARA UM FUTURO QUE INCLUI VOOS PARA A LUA E MARTE, À MEDIDA QUE SE REORGANIZA.
À MEDIDA EM QUE EMPRESAS COMERCIAIS ASSUMEM VOOS PARA A ÓRBITAS PRÓXIMAS À TERRA, A AGÊNCIA ESPACIAL OLHA PARA O ESPAÇO PROFUNDO, FOCADA EM SUA NOVA MISSÃO.
Com a empresa SpaceX agora responsável por transportar cargas e astronautas para a Estação Espacial Internacional, a NASA está se reorganizando para colocar uma nova ênfase no espaço profundo, incluindo a criação de uma nova diretoria para desenvolver as tecnologias necessárias para perseguir o que seriam algumas das missões mais ambiciosas da história da NASA, incluindo a construção de uma presença permanente na lua e, eventualmente, em Marte.
Em uma entrevista ao The Washington Post, o administrador da NASA Bill Nelson disse que a nova diretoria, conhecida como Desenvolvimento de Sistemas de Exploração, supervisionará o desenvolvimento de novas ferramentas, incluindo habitats, rovers e sistemas de propulsão, para ajudar a NASA a abrir novas fronteiras.
O sucesso da parceria da agência com uma crescente indústria espacial comercial permite que "a NASA saia da órbita terrestre baixa e vá explorar", disse Nelson.
A NASA anunciou a criação da nova diretoria em uma reunião com funcionários da agência. Jim Free, um ex-administrador associado da NASA, comandará a nova diretoria. Kathy Lueders, que lidera a atual Diretoria de Exploração Humana e Missão de Operações da agência, comandará uma segunda nova diretoria, a ser conhecida como Operações Espaciais. Ela supervisionará os programas assim que eles saírem do desenvolvimento, como a estação espacial, a comercialização da órbita baixa da Terra e, nos próximos anos, as operações na Lua, informou a NASA em um comunicado.
Uma reorientação das operações da NASA foi antecipada, acelerada pelo sucesso da SpaceX, que vem entregando cargas e suprimentos para a estação espacial há anos. Até que, no ano passado, a SpaceX voou a primeira missão de astronautas da NASA para a estação espacial, demonstrando que a NASA não era mais a única capaz de levar astronautas para a órbita baixa da Terra. Essa realidade foi confirmada, quando a SpaceX, fundada por Elon Musk, voou com sucesso em uma missão de três dias orbitando a Terra com quatro civis, sem nenhum envolvimento da NASA.
Além da SpaceX, a Northrop Grumman transporta cargas para a estação espacial. E a Boeing tem contrato para também levar astronautas, embora tenha tropeçado muito com o desenvolvimento de sua espaçonave Starliner e esteja anos atrasada.
A capacidade de empreendimentos comerciais acessarem a órbita baixa, libera a NASA para dedicar mais atenção a missões mais ambiciosas.
“Se você olhar para as próximas duas décadas, o que temos é uma série de programas”, disse Pam Melroy, vice-administradora da NASA, em uma entrevista. “Estamos falando de habitats, sistemas de transporte como veículos espaciais. Estamos falando de infraestrutura como energia, comunicações, extração de recursos. ... O escopo do que temos pela frente é muito diferente do que fizemos no passado. ”
Nelson disse que as mudanças foram feitas porque o empreendimento, desde astronautas voadores para a estação espacial, até seu programa Artemis para levar astronautas à Lua e, finalmente, a Marte, “ficou grande demais. Uma pessoa só não consegue fazer tudo sozinho. ”
Free disse que as duas diretorias trabalharão juntas, mas que ele estará olhando para as missões futuras e aproveitando a tecnologia que as fará acontecer, desde novas formas de propulsão até fabricação e mineração no espaço. Mas, segundo ele, primeiro a agência deve se concentrar em retornar com humanos à lua, sob o programa Artemis.
“Esse é o nosso foco, essa é a nossa responsabilidade”, disse ele.
“Há tanta tecnologia nova a ser desenvolvida para a Lua e Marte, bem como o cultivo de parcerias internacionais que estarão conosco”, disse Nelson.